Sua filha capricha nas roupas e na maquiagem para ir a um
passeio ou a uma festa? Seu filho gosta de mostrar as medalhas que conquistou
no futebol e quer cortar o cabelo como seu artista favorito? As crianças, assim
como os adultos, também demonstram vaidade, ou seja, se esforçam para atrair a
atenção e a admiração dos pais, amigos e professores. Quando praticada na
medida certa, a vaidade é muito saudável, pois ajuda a construir a autoestima e
se torna um incentivo para o aperfeiçoamento de talentos e qualidades. Mas é preciso ter cuidado para não ultrapassar os limites.
Quando a vaidade cresce além da conta, exerce o efeito contrário: ao invés de
melhorar a autoestima, provoca frustrações. Crianças muito preocupadas com a
própria imagem sentem que nunca são suficientemente bonitas ou bem sucedidas
nas suas atividades.
Veja os conselhos dos especialistas para orientar seu
filho a aproveitar apenas o lado bom da vaidade.
1. Meu filho é vaidoso. Isso é um problema?
A vaidade é o desejo natural de atrair a atenção e a
admiração de outras pessoas. Ela é boa quando impulsiona o crescimento e o
desenvolvimento da criança. Mas se torna ruim quando começa a dominar a rotina
e se torna um objetivo de vida. "Isso porque a criança passa a se
preocupar demais com a própria imagem e muitas vezes acaba se frustrando com
isso. Ela capricha para ficar bonita, mas sente que nunca é suficiente e
precisa fazer mais e mais para se sentir bem. Precisa consumir mais e quanto
mais consome, mais aparecem outras coisas para consumir", explica Andrea
Ramal, doutora em Educação pela PUC-Rio.
2. A vaidade está ligada só à beleza?
A vaidade não está só ligada à beleza. "Quando se fala
em vaidade, geralmente as pessoas pensam apenas no aspecto da beleza. Mas há
também outros tipos de vaidade como, por exemplo, a vaidade intelectual, a
vaidade da riqueza, do poder, da força física", explica Andrea Ramal, doutora
em Educação pela PUC-Rio.
3. Como ensinar as crianças a lidar com a beleza?
Ter cuidados consigo mesmo e gostar de estar bonito é muito
saudável e importante para o exercício da autoestima, conforme explica Marta
Campos, coordenadora de apoio pedagógico da Escola Viva, de São Paulo. "É
importante a criança ter cuidados consigo mesma e ela adquire isso sendo bem
tratada e orientada. É importante que ela aprenda como se apresentar em
diferentes situações. Se ela se apresenta bem, gera uma boa recepção.
Consequentemente, se sente bem, o que favorece o desenvolvimento de uma boa
autoestima e estimula a prosseguir nessa direção", diz Marta. Mas é
necessário mostrar também que a beleza não é um objetivo de vida e que não se
deve viver em função dela.
4. Quais cuidados devo ter na hora de escolher as roupas e
cosméticos do meu filho?
O importante é que os pais fiquem atentos para que a vaidade
não exceda os limites, prejudicando o desenvolvimento físico e psicológico da
criança. Nada de sapatos de salto, que podem afetar a musculatura e a coluna
ainda em desenvolvimento. Atenção também aos cosméticos, que precisam ter
formulação adequada para crianças. E é necessário cuidado na hora de escolher
as roupas, que não devem ter apelo sensual ou imitar as de adulto. Segundo
Andrea Ramal, doutora em Educação pela PUC-Rio, um dos lados ruins da vaidade
infantil é quando ela ganha o aspecto da erotização ou da entrada precoce no
mundo adulto. "A criança ainda não tem estrutura psicológica para
exercitar esses papeis e com isso, acaba queimando etapas de seu
desenvolvimento. Dessa forma, a vaidade perde seu caráter valorizador e se
torna justamente o contrário: desvaloriza a criança, transformando-a em um
objeto", diz Andrea Ramal.
5. Fala-se muito da vaidade feminina. Mas os meninos também
podem ser vaidosos?
A vaidade não é uma exclusividade das meninas. Meninos
também podem ser vaidosos. "A vaidade dos meninos de maneira geral está
mais ligada à força física, aos músculos, ao desempenho em esportes ou jogos.
Mas eles também podem ter vaidade relacionada com a aparência. Tanto é que
muitas vezes são influenciados por artistas ou jogadores de futebol a imitar o
corte de cabelo ou o jeito de se vestir", diz Andrea Ramal, doutora em
Educação pela PUC-Rio.
6. Como lidar com a vaidade dos meninos?
É importante que tanto os pais quanto a escola não estimulem
de maneira equivocada a cultura competitiva entre os meninos, valorizando
apenas os que se saem bem nos esportes ou jogos e excluindo aqueles que não têm
bom desempenho nessas atividades. "É preciso explorar a cultura da inclusão.
Mostrar que enquanto um se sai bem em campo, jogando, o outro tem habilidade
para organizar um campeonato ou incentivar a equipe. É preciso deixar claro que
cada um tem seus talentos e que a diversidade de talentos enriquece a
todos", diz Andrea Ramal, doutora em Educação pela PUC-Rio.
FONTE: EDUCAR PARA CRESCER
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