Astrônomos conseguem pela primeira vez determinar a cor de
um planeta fora do Sistema Solar. E, adivinhe só, é azul. Visto de longe, esse mundo, batizado HD 189733b, não seria
muito diferente da Terra _um "pálido ponto azul", como dizia o
astrônomo americano Carl Sagan. As similaridades, contudo, acabam por aí. Orbitando uma
estrela a 63 anos-luz de distância, HD 189733b completa uma volta em torno dela
a cada 2,2 dias terrestres e é um gigante gasoso. Com esses parâmetros, ele entra na categoria dos Hot
Jupiters, mundos sem equivalente no Sistema Solar. Seria mais ou menos como
pegar o nosso Júpiter e arrastá-lo para perto do Sol. O resultado é um mundo tão quente que jamais poderia abrigar
vida _ao menos como a conhecemos.
ADMIRÁVEL VELHO MUNDO
O planeta já é bem conhecido dos astrônomos. Descoberto em
2005, ele foi inicialmente detectado pela técnica que mede o bamboleio
gravitacional causado por ele em sua estrela, conforme executa suas voltas em
torno do astro. Entretanto, uma coincidência adicional permitiu o novo
avanço: ele está numa órbita tal que passa exatamente à frente de sua
estrela-mãe, do ponto de vista da Terra. Esses minieclipses, chamados de
trânsitos, são a chave para determinar a cor do objeto. Tão próximo de sua estrela, e tão menos brilhante que ela, o
HD 189733b é efetivamente invisível aos telescópios terrestres. O que os astrônomos
podem fazer é medir a luz vinda da estrela quando o planeta está ao lado dela e
comparar com a mesma luz vinda quando ele está atrás _indetectável para nós. Foi o que fizeram Frédéric Pont, da Universidade de Exeter
(Reino Unido), e seus colegas. Usando o Telescópio Espacial Hubble, eles
compararam o padrão de luz observado nesses dois momentos e notaram que, quando
o planeta está bloqueado, somem parte das frequências azuis do espectro. A luz faltante é justamente aquela que o planeta exibe
quando a parte iluminada dele aparece para os observadores na Terra _um
surpreendente azul anil. "Contrariamente às minhas expectativas, esse é um
planeta azul", comenta Cassio Leandro Barbosa, astrônomo da Univap
(Universidade do Vale do Paraíba) que não participou da pesquisa. "Por ser
um Júpiter Quente, eu esperava cores semelhantes, mas a química da atmosfera
desse mundo exótico deve ser bem diferente", conclui. De acordo com Pont e seus colegas, o azul pode ser resultado
da presença de partículas de silicatos pequenas bolinhas de vidro, eles
imaginam em meio à turbulenta atmosfera do planeta. Mas eles não põem a mão no
fogo pela conclusão. "É difícil saber exatamente o que causa a cor da
atmosfera de um planeta, mesmo para os mundos do Sistema Solar", diz Pont.
"Mas essas novas observações adicionam outra peça ao quebra-cabeça que é a
natureza e a atmosfera do HD 189733b. Estamos vagarosamente pintando um quadro
mais completo desse exótico planeta."
FONTE: UOL
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