O que seus avós desejavam para os filhos há 50 anos? Esta
foi a pergunta que o psicólogo e psicanalista Luiz Alberto Conti levantou para
uma plateia de pais e mães aqui na Editora Abril, em São Paulo. As mais
diversas respostas surgiram: que os filhos casassem, que não fossem desonestos,
que assumissem os negócios da família... Todos concordaram que estes não são o
mesmo desejo que os pais têm hoje. E qual seria? Que os filhos sejam felizes. As condições em que crianças são criadas mudaram
consideravelmente desde o tempo de nossos avós, no entanto, de acordo com Luiz
Alberto Conti, os modelos de criação permanecem os mesmos e aí que está o
problema: a estratégia de se educar entrou em colapso e é preciso desenvolver
uma nova. Para o psicólogo, a solução que se procura está no diálogo. "Educar nas condições dos avós era muito mais fácil. O
mundo se encarregava do dever e os avós apenas davam o bom exemplo em
casa", afirmou o psicólogo. Ou seja, o modelo dos avós era meramente
"corretivo", bastava um peteleco para corrigir possíveis desvios do
comportamento cultivado socialmente. No entanto, o bom exemplo deixou de ser o suficiente para se
educar. Hoje, é necessário por vezes ir contra o discurso do mundo e, para
tanto, pais precisam desenvolver um "projeto de educação", do qual o
diálogo é o núcleo central. "O diálogo é uma forma importante de dar limite. Quando
se é muito pequeno, a punição, a autoridade, pode ser mais importante, mas
quando se atinge os 11 ou 12 anos, as curvas do diálogo do esclarecimento e da
punição começam a se cruzar e você precisa conseguir as coisas com conversa.
Por isso, é preciso praticá-la desde cedo", explicou Luiz Alberto Conti. Em casa, todas as regras podem ser conversadas, porém Conti,
que também é pai, acredita que há três mandamentos a serem seguidos sempre.
Para ele, os pais devem criar os filhos para que cheguem aos 21 anos
preocupando-se com:
- a saúde (cuidando desde a alimentação ao uso de drogas),
- capazes de se virar na vida (independência, autonomia,
disposição para aprender);
- e sendo pessoas éticas.
Confira, abaixo, o passo a passo recomendado por Conti para
a criação de uma nova estratégia familiar. O psicólogo adverte, porém, que não
se trata de uma receita de bolo que sempre trará resultados positivos, porém
são importantes iniciativas para desenvolver.
1. Levantar a bandeira branca
O pai ou a mãe precisa, a princípio, desarmar seu
interlocutor, mostrando-se disposto a conversar. Por exemplo: supondo que o
problema seja uma criança que não quer ir para cama. Deve-se iniciar o diálogo
de forma amena, sem surtos nervosos repentinos. É importante mostrar que os
pais são veiculadores de uma lei maior: crianças precisam dormir determinadas
horas por noite para se desenvolverem melhor. A legitimidade tem a ver, neste
caso, em por um saber em prática.
2. "Saber escutar"
Os pais devem ser capazes de entrar no mapa mental do
interlocutor. Se não sabem escutá-lo, não há chance de conversa. É preciso
compreender o outro lado e o porquê de seus sentimentos
3. Estabelecer conexão/empatia
Colocar em suas palavras o que o filho contou é uma forma
interessante de se conseguir empatia. Em um caso de um filho enciumado em
relação ao irmãozinho, por exemplo, seria como dizer: "A mamãe entende que
você esteja com raiva do Pedrinho, deve ser horrível ter alguém babando em suas
coisas".
4. Apresentar o impasse
Após o momento em que você já abriu espaço para o diálogo
com seu interlocutor, ouvindo-o e sendo compreensível, é o momento de
apresentar seu problema. Falar que, embora seja difícil lidar com um
irmãozinho, o filho mais velho deve tratá-lo direito e não machuca-lo, pois a
mãe ama a ambos igualmente. Luiz Conti chama a atenção para evitar
sentimentalismos excessivos. Quando se tem boa vontade, o diálogo funciona
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