Mário Francisco de Melo Júnior
Professor de História
Sobre a crise na Idade Média (séc X ao séc XV)
A partir do século XI se consolida na Europa Medieval um
novo grupo social, a burguesia. A burguesia se origina da produção de
excedentes dentro dos feudos, e esses excedentes podem ser negociados entre
vários feudos. Os burgueses realizavam feiras itinerantes por vários feudos
para realizar seus negócios, logo tornou-se uma classe evoluída e com razoável
poder financeiro. O que atrapalhava os negócios burgueses era a falta de
unidade das moedas, dos idiomas, e do sistema de pesos e medidas. No caso da
falta de unidade monetária isso gerou o surgimento dos banqueiros, que eram
especialistas em efetuar a troca das várias moedas conseguindo algum lucro com
a cobrança de taxas pelo serviço.
Nessa fase a força do clero e da nobreza começa a sofrer
pesados abalos. Entreos século XII e XIV a Igreja Católica em aliança com os
nobres promovem as cruzadas. As Cruzadas eram expedições militares que visavam
tomar as “terras santas” (lugares onde supostamente se passou a história de
Cristo e dos apóstolos) do domínio dos muçulmanos. A igreja tinha o interesse
de dominar essas terras por querer explorá-las espiritualmente e economicamente
(cobrando taxas dos peregrinos); já os nobres pensavam em conquistar novas
terras para que fosse possível surgir uma “nobreza dos segundos filhos” já que
na Europa a herança dos feudos era exclusiva dos primogênitos. Os servos foram
recrutados para a luta sobre a promessa de que conseguiriam a salvação divina
por lutar contra os infiéis muçulmanos (que dominavam as “terras-santas”) O
resultado das Cruzadas foi desastroso: mais de um século de derrotas militares
para os exércitos cristãos; a Igreja e os Nobres tiveram pesados abalos nas
finanças (principalmente os nobres). Os burgueses aproveitaram o contato com os
povos do oriente, gerado pelas Cruzadas, para conseguir novos produtos, gerar
novos negócios, e por isso saíram mais ricos após tantos anos de batalhas.
Na Europa ainda temos no séculos XIV a epidemia de peste
negra, que eliminou quase um terço da população. A Peste Negra foi vista por
muito tempo como um castigo divinos sobre a Europa, mas depois descobre-se que
a proliferação de ratos e os péssimos hábitos de higiene é que eram causadores
da doença. Essa explicação mais racional começa a minra o crédito da Igreja
Católica perante a sociedade.
SURGIMENTOS DAS MONARQUIAS CENTRALIZADAS
A crescimento burguês e a queda da econômica da Nobreza e da
Igreja foram um prato cheio para uma aliança entre burgueses e os reis. Com o
pagamento de impostos pela burguesia o rei conseguiu compor exércitos
profissionais permanentes e assim passou a poder punir aqueles que se
recusassem a aceitar suas ordens. Para ampliar o seu poder e aumentar os ganhos
da burguesia os reis instituíram um sistema único de pesos e medidas, além de
exigir a unificação das moedas (o que serviria muito para os interesses
burgueses pois facilitaria demais os negócios)
Logo começam a surgir entre os grupos mais cultos filósofos
dispostos a justificar a centralização do poder dos reis. A tese mais aceita é
de pensador Jaques Boussuet de que o poder dos reis seria uma determinação
divina, e desobedecê-lo seria desobedecer aos reis.
RENASCIMENTO E INVENÇÃO DA IMPRENSA
A partir do século XIV e XV as artes começam a ser
transformadas seguindo a mudança social na Europa. Se antes, quando a Igreja e
os Nobres dominavam a vida social, econômica e política, as artes se resumiam a
temas religiosos. A partir do século XIV surgem várias formas de artes
desvinculadas da fé, tratando de temas mais humanísticos e com forte apelo a beleza
e a sensualidade (para os padrões daquela época).
A invenção da imprensa, por Joannes Gutemberg, rompe o
controle do clero sobre a produção do conhecimento. A possibilidade de produzir
livros em grande escala faz com que a Igreja não consiga controlar mais a
circulação de idéias, surgindo assim livros e pensadores não-religiosos. Além
disso a valorização da literatura grega e das sociedades antigas Roma-Grécia
faz com que se tente projetar na Europa uma nova forma de pensar a sociedade.
O pensamento racional volta a ser valorizado, principalmente
pela burguesia que via em cada nova descoberta científica uma forma de
enfraquecer a Igreja. Descobertas como a da esfericidade da terra e o modelos
Heliocêntrio do sistema solar abalam profundamente as idéias da Igreja Católica
na sociedade.
A burguesia tinha o interesse de promover uma diminuição do
poder da Igreja pois o Clero não simpatizava com a prática comercial e com o
lucro (considerados desejos carnais desajustados com a vontade do espírito).
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