O cérebro humano tem a capacidade de captar informações
novas durante o sono, concluiu uma pesquisa publicada na segunda-feira (27) por
pesquisadores do instituto israelense Weizmann. A pesquisa, realizada ao longo de três anos pela
neurobióloga Anat Arzi, examinou a correlação entre olfato e audição e a
memória armazenada no cérebro. 'Esta é a primeira vez que uma pesquisa científica consegue
demonstrar que o cérebro é capaz de aprender durante o sono', disse Arzi à BBC
Brasil. Segundo a cientista, estudos prévios já demonstraram a
capacidade de bebês aprenderem enquanto dormem, mas a pesquisa recém-divulgada
descobriu que o mesmo vale para adultos.
'Aprendizagem associativa'
O experimento, realizado por Arzi em colaboração com o
professor Noam Sobel, diretor do Laboratório do Olfato do instituto, examinou
as reações de 55 pessoas que foram expostas a sequências de sons e cheiros
enquanto dormiam. As sequências, que incluiam um intervalo de 2,5 segundos
entre o som e o cheiro, expunham os participantes a odores agradáveis (de
perfume ou xampu) ou desagradáveis (de peixes podres ou outros animais em
decomposição), de forma sistemática e sempre antecedidos por sons que se
repetiam. 'A vantagem de se utilizar o olfato é que os cheiros
geralmente não interrompem o sono, a não ser que sejam muito irritantes para as
vias respiratórias', explicou a cientista. Durante o experimento os cientistas observaram sinais de que
os participantes adormecidos passaram por uma 'aprendizagem associativa'. 'Com o tempo, criou-se um condicionamento. Bastava que (os
participantes) ouvissem determinado som para que a respiração deles se
alterasse e se tornasse mais longa e profunda - em casos de associação com
odores agradáveis -, ou mais curta e superficial - em casos de sons ligados a
cheiros desagradáveis', afirmou Arzi. A cientista também relatou que as mesmas reações ocorriam na
manhã seguinte, quando os participantes acordavam. Se fossem expostos a um som
associado com um odor agradável, respiravam longa e profundamente.
Informações gravadas
'O fato de que as informações ficaram gravadas no cérebro e
causaram reações fisiológicas idênticas, mesmo quando os participantes estavam
despertos, demonstra que eles passaram por uma aprendizagem associativa
enquanto dormiam', disse. Pessoas com lesões no hipocampo - região do cérebro
relacionada à criação da memória - não registraram as informações, disse a
neurobióloga. Para Arzi, a descoberta pode ser 'um primeiro passo no
estudo da capacidade do cérebro humano de obter uma aprendizagem mais complexa
durante o sono'. No entanto, segundo a cientista, são necessárias mais
pesquisas para examinar as diferenças entre o funcionamento dos mecanismos
cerebrais de pessoas adormecidas e despertas.
FONTE: G1
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