Professor Mário Júnior Twitter: @marioFMJunior |
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA/REPÚBLICA
VELHA:
É importante lembrar que a república no Brasil não foi fruto
de um movimento popular organizado, mas de um movimento de um grupo
insatisfeito com os rumos políticos do Império. Do lado dos descontentes
estavam os cafeicultores de São Paulo e Minas Gerais que estavam revoltados pelo
fim da escravidão sem indenização por, segundo eles, “perda de patrimônio”. É
bom lembrar que os cafeicultores eram à base de apoio da monarquia, justamente
por essa lhes garantir que a escravidão seria mantida. Após a proclamação o
movimento republicano no Brasil consegue a adesão dos cafeicultores. Junto aos
cafeicultores se unem os militares, que insatisfeitos com baixos salários e
buscando sair da insignificância política passam a ser uma força a tramar
contra a monarquia. A Igreja Católica também passa a ser uma força contrária ao
governo de D. Pedro II devido ao choque entre as ordens do Papa em Roma e o
fato do imperador impedi-las de serem aplicadas no Brasil (a questão da
proibição de maçons na Igreja).
A república foi proclamada com a união destes pequenos
grupos em 1889, o povo, na sua grande maioria, sequer sabia do que se tratava a
movimentação de militares aliados com os grandes cafeicultores. Instaurada a
república uma das grandes preocupações de militares e principalmente de cafeicultores
era garantir o controle do poder e do sistema democrático. Na constituição
republicana de 1891, o voto era aberto (não-secreto) apenas para homens maiores
de 21 anos, alfabetizados. A intenção era reduzir ao extremo a participação
política da população restringindo o eleitorado as classes médias e altas.
Na constituição de 1891 uma das estratégias era justamente
não obrigar o governo a ceder educação pública e gratuita para a população,
assim as classes baixas estariam impossibilitadas de pagar um ensino particular
(bem caro na época) e estaria fora da política devido ao analfabetismo. Outras
características da constituição de 1891 era a adoção das eleições estaduais e a
separação entre Igreja X Estado, o que garantia a liberdade religiosa da população.
Na política o domínio foi de São Paulo e Minas Gerais que se
revezavam no poder num acordo que garantiria os investimentos do governo
centrados na exportação de café. O voto aberto facilitava a compra de votos por
parte dos coronéis do interior, que negociavam favores com os candidatos em
troca de votos nos seus “currais eleitorais”. A violência como forma de coerção
política também era bastante comum. Nos estados apenas governadores aliados ao
presidente conseguiam êxito nas eleições, em caso de vitória de algum opositor
nos estados era acionada uma comissão eleitoral que invalidaria o resultado sob
a alegação de fraude (da pra perceber que a vida das oposições eram bem dura)
Entre o povo houve manifestações antirrepublicanas no sertão
e na cidade. No Rio de Janeiro a população se levantou contra a campanha de
vacinação obrigatória(Revolta da Vacina) empreendida pelo governo. O povo
protestava contra a violência e inconveniência dos agentes de saúde, bem como
contra a pobreza o abandono dos governos, a exclusão social e os altos preços.
Também havia por parte da população o medo, pois não conheciam o que eram
vacinas e temiam assim por suas próprias vidas.
No sertão Canudos foi um movimento messiânico promovido por
Antônio Conselheiro, que após anos peregrinando pelo sertão fundou no Arraial
de Canudos uma sociedade comunitária que atraia os sertanejos e esvaziava
vilarejos e fazendas desagradando aos coronéis(que perdiam empregados a cada
dia) e a Igreja (que via Conselheiro como um lunático). O governo republicano
também combatia Canudos por Antônio Conselheiro ser monarquista e por ele não
aceitar a separação Estado x Igreja e o casamento civil. A repressão a Canudos
se deu entre 1896 e 1897. Deixando mais de 30 mil mortos
O Cangaço também foi comum na época. Ao contrário do que
pensam hoje o Cangaço não foi um movimento social organizado, com
reivindicações de mudança ou reformas ou mesmo um protesto contra o poder dos
coronéis. Na verdade eram grupos de ex-jagunços que num momento perceberam que
não havia chance mínima de Ascenção social num nordeste castigado pela pobreza
e pelos desmandos dos coronéis. Daí o banditismo social ter sido uma saída
procurada por eles. A visão de Lampião como um Robin Hood dos sertões é um
tanto equivocada, embora muito sertanejos o vissem, e ainda o veem, desta
forma.
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